Então, refletindo por alguns dias sobre os
protestos contra os “míseros” vinte centavos, aumentados nas tarifas de ônibus
em São Paulo, faz-se valer que os manifestantes têm total direito de
fazê-lo e este é um ato contra não somente aqueles oito e oitenta a mais
que sairão de nossos bolsos todos os meses.
Manifestantes se concentram no largo da Batat, nesta segunda-feira (17) - Foto: Miguel Schincariol/AFP |
Imagine: você compra pães (os pães que aumentaram não sei
quantos por cento e estão por aí indagando que este sim deveria ser motivo de
protesto), porém para “mostrar sua indignação” contra o aumento, basta NÃO
COMPRAR PÃES e sim substituir por outro alimento que lhe cabe no bolso. Ou
o raio do tomate que por um tempo tinha um preço absurdo e a solução foi NÃO
COMPRAR TOMATES. Se vou a um barzinho e a bebida aumentou e a qualidade do
serviço não melhorou, da próxima vez, troco de boteco e vou naquele que o preço
continua o mesmo, ou é até mais barato e o serviço melhor. E por aí vai. Para
essas coisas, existem alternativas e tem como fazer um protesto sem necessitar
ir às ruas.
Mas, o que fazemos quando se aumenta o ônibus, com
aqueles vinte centavos, que não sabemos para onde vão (ou até sabemos), afinal,
o povo vem sofrendo com o transporte público a cada dia com a falta de
um serviço de qualidade, ou compatível com o que gastamos. Temos alternativa
para isto? Deixar de utilizar o TRANSPORTE PÚBLICO e andar a pé? Ir de
bicicleta, correndo o risco de perder algum membro do corpo ou até a vida?
Andar de carro, já viram também o preço do combustível e o tamanho do trânsito?
Então, só nos resta sair às ruas e cobrar nossos
direitos de cidadãos. Isto não é somente pelo valor aumentado, mas para
que os que estão no comando tomem tenência de que o povo não é omisso e
está cansado de ver as coisas acontecerem, de braços cruzados.
(Imagem tirada do Facebok) |
Não concordo com a violência ocorrida e
muito menos com o ato de alguns manifestantes que o maior objetivo é
fazer baderna. Concordo em fazer algo que cale a boca dos políticos,
com um protesto sem depredações e sem tentar “responder” a PM da mesma forma
que estão agindo.
Para tudo tem os dois lados. Existem os
manifestantes que estão agindo para o povo e aqueles que fazem por eles a maior
bagunça; os policiais que cumprem ordens e os que vão muito além delas;
e os jornalistas que estão cumprindo seu ofício e aqueles que querem botar
mais lenha na fogueira. Para tudo isso, deve haver um equilíbrio e que sejam
punidos aqueles que não estão fazendo o que devem.
Voltando aos jornalistas x polícia. É de
indignar qualquer um ver os profissionais da comunicação registrando os
momentos, que nada mais é do que seu trabalho, e serem severamente
repreendidos com tiros de bala de borracha ou gases sendo atirados neles.
Senhores da polícia, o jornalismo deve mostrar os fatos assim como eles
ocorrem, portanto não vamos atrapalhar o registro do que realmente está
acontecendo. Porque é no mínimo estranho vocês não os deixarem noticiar. Isso
vale para os que fazem o que aprendemos nas aulas: falar a verdade.
Sobretudo, o protesto serve para levantar uma
bandeira de cidadão e não de algum partido da oposição. A luta deve ser pela
dignidade de um povo e não para defender a politicagem. Senhores “lá de cima”,
deixem os protestantes “de verdade” expressarem suas opiniões, eles
estão no seu direito. Não voltemos à ditadura. Somos democracia, ou estou
enganada?
Vamos cobrar por nossos valores, pelos nossos
ideais, porque essa manifestação é tão válida que até mesmo em alguns países
mundo afora, estão nos apoiando. Lutemos, povo!